Regulando a moto para o seu tipo físico (parte 2) 3


Regulando a moto para o seu tipo físico e estilo de pilotagem (parte 2)

Na primeira matéria foi abordado a importância da regulagem ergonômica de acordo com o tipo físico e estilo de pilotagem utilizando os recursos que cada motocicleta fornece.
Nesta matéria vamos estender as possibilidades de regulagem utilizando acessórios opcionais de fábrica e de outros fabricantes.
Os acessórios de fábrica são cem por cento confiáveis e são desenvolvidos com os mesmos critérios usados no desenvolvimento das peças originais, portanto se algum opcional for conveniente para você, com certeza vai agregar na pilotagem e ou no conforto.
Alguns fabricantes independentes oferecem uma gama enorme de acessórios sendo muitos da mais alta qualidade, mas não são todos, portanto é preciso ter em mente duas coisas, a qualidade dos materiais, e se sua utilização não vai afetar a dirigibilidade e a segurança.
Alguns acessórios de fabricantes independentes extrapolam nas medidas, o que não é recomendado.
É comum ver motocicletas onde o para brisas original foi trocado por um de medidas exageradas, que muitas vezes causam turbulência, aumento de consumo e o pior, afetam a estabilidade, principalmente em alta velocidade. Outros acessórios muito comuns a venda no mercado são, o banco com formato diferente do padrão, geralmente mais largo, almofadas que se acoplam sobre o banco e também aqueles alongadores para erguer o guidão.
Vamos lá, a ergonomia de uma motocicleta é feita em função da sua utilização e as medidas seguem um padrão médio da população.
Só que há motociclistas com estatura acima e abaixo do padrão. Pensando nisso várias motocicletas vem com várias alternativas de regulagem na ergonomia (veja na primeira matéria) e até opcionais como bancos mais baixos e curso de suspensão reduzido.
Agora isso tudo tem um limite, já que para uma boa ergonomia as medidas e posições de guidão, banco e pedaleiras são relacionadas, ou seja a altura do guidão tem relação com a posição das pedaleiras e do banco, e isso, para cada tipo de motocicleta (esportiva, custon, big trail, etc.).

O alongador para erguer o guidão é um acessório que pode contribuir no conforto desde que não tenha medidas digamos exageradas, pois neste caso é preciso avançar as pedaleiras a frente para não forçar a coluna vertebral.
Colocar bancos mais largos acreditando ser mais confortável, de novo pode ser inadequado, além de dificultar a mobilidade, ao usar um banco mais largo também seria necessário avançar as pedaleiras a frente pois com as pernas recuadas a parte interna da coxa provavelmente vai tocar na parte larga do banco e pode acabar machucando, e mais, o banco largo dificulta encostar os pés no chão de pessoas com baixa estatura já que a perna vai ficar num angulo mais aberto.
Quanto as almofadas, nem pensar, o piloto fica solto em cima da motocicleta, perde totalmente o feeling.

Estar ciente de tudo isso é importante porque pode ocorrer que certa motocicleta não se adapte ao seu tipo físico mesmo fazendo as regulagens permitidas, como é o meu caso. Tenho 1,90m de altura, não encontro a posição ideal em algumas motocicletas como é o caso da Yamaha Super Tenereé por exemplo, meu joelho bate na orelha do tanque, teria que colocar um banco único para sentar mais atrás só que daí estamos recuando o centro de gravidade, o guidão vai ficar longe, e a pedaleira vai ficar muito a frente. Acho que ficou claro o tamanho do problema, se tentar fazer as adaptações necessárias a única coisa que vou conseguir é transformar uma das melhores big trail do mercado numa moto inguiável (além de não sobrar espaço para o garupa).

Um bom exemplo da relação entre guidão, banco e pedaleiras é a comparação da ergonomia da BMW K1600 GTL e da BMW k1600GT. As motos são idênticas com roupagem diferente.
Note que na GTL que tem uma proposta focando mais o conforto, tem banco largo, mais baixo, a pedaleira é avançada a frente e mais a baixo e o guidão é mais longo, o piloto fica mais plantado,
Tudo está relacionado, o banco largo precisa ser mais baixo para conseguir encostar os pés no chão, consequentemente as pedaleiras precisam ser localizadas mais a frente e mais a baixo para não forçar a coluna e não manter as pernas muito dobradas, e para completar o guidão é mais longo para o tronco ficar mais ereto. Já na GT com proposta um pouco mais esportiva, o banco é mais estreito e mais alto, as pedaleiras mais recuadas e mais altas e o guidão um pouco mais curto, desta maneira o corpo fica inclinado um pouco mais a frente e a capacidade de mobilidade aumenta consideravelmente.


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3 pensamentos em “Regulando a moto para o seu tipo físico (parte 2)

  • Renato

    Boa noite!
    Tenho 1,90 e uma GTL, me sinto desconfortável nela.Gostaria de uma indicação de uma oficina, a fim de tentar melhorar a moto para o meu tipo físico. Vcs poderiam indicar alguma especializada nisso?

    • Marcos Pedroso Autor do post

      Renato, eu inclino 50 graus com a minha 1250 com pneu mais esportivo e em ótimo estado, num asfalto muito bom. Na pista com certeza daria para inclinar mais. As minhas duas pedaleiras estão raspadas, e com certeza não atingi o limite, o protetor de cilindro fica muito perto de raspar nesta inclinação. Para pilotar neste nível é importante a suspensão estar regulada no modo Dynamic, se você deixar no modo Road as pedaleiras vão raspar com mais facilidade, a moto vai estar mais mole, portanto pode ser perigoso.Só como comparação, com a minha S1000RR eu inclino 55 graus na estrada e 58 graus em Interlagos.